terça-feira, 26 de abril de 2016

Pelas margens do rio Minho: Ourense e Lugo

As cidades galegas de Ourense e Lugo são duas das principais localidades banhadas pelo rio Minho (em Portugal, Valença e Caminha também merecem uma visita). Devido à proximidade com a fronteira lusa, estes destinos são ideais para uma escapadela de três dias (uma daquelas que poderá fazer caso seja brindado com um feriado à segunda ou sexta-feira). E se por acaso acha que estes são destinos menores, desengane-se, a Galiza é uma zona belíssima e não tenho dúvidas de que ficará rendido ao encanto dos lugares e das pessoas.

OURENSE

1. Como chegar
Há várias formas de chegar a Ourense. A cidade fica a 150 km de Viana do Castelo, o que se faz em cerca de 2h15 (sem pagar portagens). Aconselhamos que siga até Vila Nova de Cerveira pela estrada nacional, aproveitando para passar em Caminha, onde desagua o rio Minho. Se tiver tempo, dê um saltinho ao miradouro do Cervo (em Vila Nova de Cerveira). Se ainda não conhecer as localidades de Valença, Monção e Melgaço, poderá continuar pela nacional; se já conhece, siga por Tomiño e deixe-se levar pelo GPS (a não ser que tenha muita pressa, opte por "evitar portagens"). 

2. Onde ficar
No nosso caso, ficamos no Hotel Mabú, que fica a cerca de 15 minutos (a pé) do centro da cidade. Os quartos são pequenos mas confortáveis. A isolação é má, por isso se precisa mesmo de descansar, e estiver disposto a pagar um pouco mais, talvez seja melhor procurar outra opção. O hotel tem parque de estacionamento gratuito, mas tenha cuidado, a rua em frente tem duas vias, mas só um sentido, se falhar a entrada não faça inversão de marcha, siga em frente e vire à esquerda para dar a volta ao quarteirão.

3. Pontos de Interesse
Ourense é conhecida pelas suas termas mas há outros pontos de interesse. As pontes sobre o rio são bastante bonitas, tal como o centro histórico, onde vale a pena parar para beber uma caña e comer umas tapas. Em caso de visita rápida aconselho os seguintes:
- Ponte do Milénio (+ info)
- Ponte Romana (+ info)
- Claustros de S. Francisco (+ info)
- Catedral (+ info)
- As Burgas (+ info)

LUGO

1. Como chegar
A viagem de Ourense até Lugo pode ser efectuada pela autoestrada que liga as duas cidades, mas esse não é o melhor caminho. A 50 km de Ourense fica uma localidade chamada Parada de Sil, que merece toda a sua atenção. É nesta zona que vai encontrar o Mosteiro de Santa Cristina e os Balcóns de Madrid, lugares magníficos que o vão deixar rendido. Prossiga até Castro Caldelas e vire à esquerda, para Monforte de Lemos, descendo até ao rio Sil, que atravessará. A estrada é sinuosa mas a paisagem compensa. Entre Ourense, Parada de Sil e Lugo vai percorrer cerca de 160 km, mas acredite, vale a pena fazer este trajecto.

2. Onde ficar
Melhor do que ficar num quarto de hotel, é ter uma casa só para si. Em Lugo é possível, e nem sequer fica muito dispendioso. A Lugo Rooms disponibiliza duas suites, cada uma com um quarto e uma sala (zonas privadas), uma casa de banho privada (mas fora do quarto) e uma cozinha partilhada. Se fizer a viagem com amigos, ou outro casal, e alugar as duas suites, fica com a casa só para si, o que é maravilhoso, dada a dimensão e a qualidade da habitação. A casa está muito bem decorada e saltam à vista pequenos pormenores, não faltam mapas da cidade e umas bolachinhas à chegada. A localização é excelente, mesmo junto à muralha romana, a 500 metros do centro da cidade.

3. Pontos de Interesse
Lugo tem muito para ver e não precisa de nenhum roteiro específico. Se pegar num mapa e vaguear pela cidade irá deparar-se com inúmeros pontos de interesse: 
- Muralha Romana - World Heritage (+ info)
- Catedral de Santa Maria de Lugo  (+ info)
- Piscina Romana (+ info)
- Parque Rosalía de Castro (+ info)
- Ponte Romana (+ info)


Relativamente ao custo da viagem, é óbvio que poderá variar conforme o orçamento de cada um. No nosso caso, e por sermos poupadinhos, os gastos (por pessoa) foram relativamente baixos: 35€ de estadia, 15€ de gasóleo, 0€ de portagem, 15 € de alimentação. (Total = 65 €).

quinta-feira, 21 de abril de 2016

Igreja da Misericórdia de Viana do Castelo

A Igreja da Misericórdia, em Viana do Castelo, é um dos ex-libris da cidade, embora a sua beleza seja ainda desconhecida para um número bastante significativo de vianenses. Um dos motivos para que isto aconteça está relacionado com a simplicidade da fachada, que contrasta com a beleza e riqueza do seu interior. Classificada como Património Nacional desde 1910 (ver decreto), pode ser visitada de forma gratuita, de segunda a sexta-feira, das 10h às 12h30 (manhã) e das 15h às 17h (tarde).

A Obra
Projectada em 1716 pelo engenheiro militar Manuel Pinto de Vila Lobos, a sua construção teve como finalidade substituir uma capela anterior, edificada no mesmo local, que se encontrava em avançado estado de degradação. De estilo barroco, a simplicidade do exterior contrasta com a imponência do interior, onde se destacam os azulejos (que revestem integralmente as paredes), a talha dourada dos altares, o monumental órgão de tubos e a pintura sobre a "última ceia".


Os Azulejos
Foram encomendados em 1719 a Policarpo de Oliveira Fernandes, um dos grandes mestres da azulejaria portuguesa, e revestem, por inteiro, as laterais do edifício. Na capela mor, "o espaço mais sagrado", os painéis exibem momentos da vida de Jesus (à direita), e de Maria (à esquerda). No corpo da igreja, "o espaço mais profano", os painéis representam as 14 obras de Misericórdia, estando as obras espirituais à direita, e as corporais à esquerda (ver artigo).

O Monumental Órgão de Tubos (ver fotografia)
Trata-se de um dos mais importantes e antigos órgãos de tubos do país. Graças a uma intervenção que demorou quase uma década, o órgão voltou a funcionar em Julho de 2010, sendo que a Santa Casa da Misericórdia de Viana do Castelo realiza, com alguma periodicidade, concertos com organistas convidados. Note-se que apenas um dos órgãos da igreja é verdadeiro, tratando-se o outro de uma imitação, construída para efeitos de simetria. O risco dos órgãos foi da autoria de Manuel Pinto de Vila Lobos, tendo o trabalho sido executado pelo mestre escultor, Pedro Salgado.

Pintura Barroca sobre a Última Ceia (ver fotografia)
Terá sido pintada por volta de 1720 pelo artista António de Oliveira Bernardes (pai do autor dos azulejos) e está colocada no retábulo-mor da igreja. Durante vários anos a pintura esteve escondida do público por se encontrar bastante degradada, mas uma intervenção, efectuada em 2013, permitiu recolocar a obra em exibição.